<i>Artigo 38º</i>

«O Es­tado as­se­gura a li­ber­dade e a in­de­pen­dência dos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial pe­rante o poder po­lí­tico e o poder eco­nó­mico.» in Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

 

Livre, mas pouco

 

Que os ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial são in­de­pen­dentes e plu­rais é algo que os seus pa­trões gostam de apre­goar. Mas uma aná­lise mais fina dos con­teúdos das no­tí­cias, re­por­ta­gens e co­men­tá­rios pu­bli­cados ou trans­mi­tidos não per­mite tirar outra con­clusão senão a de que, regra geral, aquilo que é pu­bli­cado ou trans­mi­tido é o que me­lhor serve aos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros e à sua sanha de acu­mu­lação de lucro.

Um exemplo sig­ni­fi­ca­tivo disto que se acaba de afirmar ocorreu na se­mana pas­sada. A As­so­ci­ação Por­tu­guesa de Bancos pu­blicou o seu re­la­tório anual onde di­vul­gava este dado tão es­pan­toso quanto es­can­da­loso – os im­postos pagos pelo sector fi­nan­ceiro em 2009 foram in­fe­ri­ores em 40 por cento ao re­gis­tado no ano an­te­rior. Esta no­tícia, que à luz dos cri­té­rios jor­na­lís­ticos tinha tudo para ser uma ver­da­deira «bomba» – com so­nantes pri­meiras pá­ginas, aber­turas de te­le­jor­nais e fó­runs na te­le­visão e rádio – não teve pra­ti­ca­mente ex­pressão nos prin­ci­pais ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial. À ex­cepção do jornal i, os res­tantes ór­gãos de in­for­mação cen­su­raram este as­pecto do re­la­tório da APB.

Me­lhor sorte não teve o co­mu­ni­cado do Ga­bi­nete de Im­prensa do PCP sobre este as­sunto, emi­tido no dia 6 (e tra­tado na pá­gina 9 desta edição do Avante!), que pouca vi­si­bi­li­dade teve nos media na­ci­o­nais...

Mas este não foi o único exemplo. No dia an­te­rior, o PCP re­a­lizou uma con­fe­rência de im­prensa sobre uma das ques­tões mais can­dentes e ac­tuais no País – a saúde, no­me­a­da­mente o au­mento do preço dos me­di­ca­mentos ou o en­cer­ra­mento de ser­viços. Na oca­sião, um di­ri­gente do Par­tido de­nun­ciou a po­lí­tica do Go­verno e os seus re­sul­tados de­sas­trosos e apre­sentou pro­postas sus­ten­tadas para um novo rumo na po­lí­tica de saúde. Para além da Agência Lusa e da Rádio Re­nas­cença mais ne­nhum órgão de in­for­mação se re­feriu ao as­sunto, que tanto deu – e dá – que falar todos os dias.

Calar uns, dar voz a ou­tros

O tra­ta­mento jor­na­lís­tico dado ao Dia Na­ci­onal de Pro­testo e Luta, pro­mo­vido pela CGTP-IN no dia 8 de Julho, re­vela também a na­tu­reza e op­ções de classe dos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial, pouco in­te­res­sados em dar vi­si­bi­li­dade à luta or­ga­ni­zada contra a po­lí­tica de di­reita e por um novo rumo para o País. Nos dois prin­ci­pais jor­nais de re­fe­rência, Diário de No­tí­cias e Pú­blico, o as­sunto é re­me­tido para os su­ple­mentos de Eco­nomia (sig­ni­fi­ca­ti­va­mente cha­mado de Bolsas no caso do pri­meiro), sem qual­quer cha­mada de pri­meira pá­gina.

O Pú­blico dá ao as­sunto poucas li­nhas de uma co­luna de­di­cada à greve dos fer­ro­viá­rios re­a­li­zada no mesmo dia 8 – e no âm­bito da luta geral. A di­mensão de massas do pro­testo e o seu ca­rácter na­ci­onal, com de­zenas de ac­ções por todo o País, é algo que di­fi­cil­mente se de­pre­ende ao ler as no­tí­cias.

Já o ri­dí­culo pro­testo do par­tido fas­cista PNR na praia do Ta­mariz, no con­celho de Cas­cais, teve honras de pri­meiras pá­ginas em al­guns jor­nais, para além de uma con­si­de­rável co­ber­tura te­le­vi­siva. Par­ti­cu­lar­mente cho­cante é o facto de a RTP – canal pú­blico – ter am­pli­fi­cado o dis­curso xe­nó­fobo e ra­cista deste par­tido, pres­tando desta forma um pés­simo ser­viço à de­mo­cracia. São estas as op­ções dos media do­mi­nantes...



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